Pocket de Estilo
segunda-feira, 14 de novembro de 2016
Liberdade, liberdade
Em tempos de politicamente correto o difícil mesmo é dar opinião sem se preocupar com o julgamento alheio. Tem que ter muita personalidade para tal. Muitas vezes não falo para não comprar briga. Eu detesto brigas, detesto discussões e mal estar. Mas, daí eu fico aqui pensando: eu sinto raiva, frustração, vontade de falar e até dar uns xingões de vez em quando. Para onde vai todo esse sentimento se eu não ponho para fora?
Tudo bem que não somos mais crianças e precisamos ter um filtro. Não podemos falar exatamente tudo que pensamentos, mas, pelo menos uma vez na vida passar o dia inteiro falando só o que pensa seria muito bom, né? Se não houvesse amanhã ou ressentimentos, não seria o máximo sair por aí vomitando verbalmente tudo que a gente pensa? Eu adoraria...
Mas, voltando a realidade sei que não posso fazer esse tipo de coisa. Tá, mas e daí? E daí que preciso começar a liberar meu politicamente correto e também incorreto vez por outra, ora pois! Comecei fazendo coisas que não me deixam culpada depois (sim, essa maldita sensação habita muito meus pensamentos), tomando atitudes que se aproximam mais de mim mesma. Que façam com que eu me sinta na essência. E é muito boa a sensação do after. Porém (tava demorando para essa palavrinha chata aparecer) para tudo há um ônus e um bônus. Nessa situação de falar o que quer, me sinto mais próxima de mim, da minha verdade, mas talvez mais distante dos outros. E cá para nós, viver isolada é um saco, né? Não sou do tipo que quero ficar eternamente sozinha, vivendo em uma casa da floresta. Eu amo minha solidão, meu silêncio, minhas conversas comigo e meus gatos, mas eu adoro e preciso dos seres humanos (aqueles bons, sabe?).
A minha questão agora é tentar ficar mais próxima de mim sem ferir o outro. Fazer as coisas que eu gosto e acredito. Tentar, pelo menos, colocar em prática isso. Da simplicidade de ser tudo o que posso e quero ser. Foi assim que terminou meu domingo ontem. Eu estava muito insatisfeita em fazer parte de grupos de whats app em que não me identifico. O mais estranho é que me identifico com os integrantes do grupo, mas a prosa ali estava constantemente me incomodando. Alguns saí sem pestanejar; outros dei uma desculpa meio real, outras bem esfarrapadas. Mas continuava infeliz nessa parte do mundo virtual. Existiam dois grupos que eu mesma tinha criado e que não sentia vontade de ler e interagir. E foi difícil, muito difícil abandoná-los, pois as pessoas que pertencem a ele são importantes para mim. Mas saí sem avisar. E ainda fiz um vídeo (que postei no stories do insta) falando sobre a saída. Acho que falei que estava de saco cheio mesmo. E me senti livre como um passarinho. A sensação foi maravilhosa. Até pensei porque não havia feito isso antes. Porém hoje de manhã eu tirei o vídeo, pois após revê-lo senti que parecia que eu estava de saco cheio daquelas pessoas e essa não foi a idéia. Achei que foi um pouco agressivo. Achei que a minha liberdade foi boa e espontânea, mas espontaneidade demais pode magoar pessoas.
O que quero dizer com esse textão todo é que cada vez mais vou fazer o que me faz feliz. O que me deixa leve. O que me faz voar. E que ainda preciso de muita coragem e persistência para continuar. Mas estou no caminho. E convido quem estiver lendo que reflita sobre essa questão.
Esse post é em homenagem aos grupos que abandonei e ainda irei abandonar (porque com certeza grupos chatos aparecerão no meu caminho).
Esse post também é para dizer que eu amo minhas amigas, independente de fazer parte deste ou daquele grupo. Esse post é um coração aberto em forma de palavras que vai com todo meu carinho para as gurias do Inbox ( e eu queria muito colocar um coração aqui, mas eu não sei como se faz então considerem -se amadas e abraçadas).
quarta-feira, 22 de junho de 2016
O dia em que encontrei Woody Allen - parte 2
Posso te pedir um favor? Entra no clima e coloca um jazz antes de ler o texto. De preferência, Ella, Billie ou Nina. Ou vai de Frank Sinatra mesmo. Mas strongly recomendo " did I Remember". Deixa a luz mais fraca e te senta bem confortável.
Agora preciso contar algumas coisas antes de continuar a saga do encontro com o Woody. Antes de encontrá-lo, encontrei outras pessoas por lá. A viagem de 2 pessoas (Gringa e eu) virou de 4. Nesse furdunço todo pré-viagem decidi convidar o Vi para ir a NY(Vinícius e eu nos conhecemos quando moramos em NY em prédios vizinhos, foi daí que surgiu a amizade de 15 anos). Na mesma hora ele me disse que tinha falado para a Ba (Barbara, nossa amiga brazuca que mora em LA) que queria apresentar a Big Apple a ela. Daí eu fui ao delírio. Porém, o Vi declinou. Mas...uma semana depois ele decidiu ir e chamar a Ba. E daí o quarteto fantástico estava formado para a viagem. Eu e Gringa saímos de POA, o Vi de Santos e a Ba de L.A. Cada um chegou em um momento diferente.
Primeiro o Vi, na noite anterior, depois eu, na manhã seguinte, a Ba, de noite e a Gringa no dia seguinte.
E assim começou uma das viagens mais felizes que já fiz. Fomos a muitos lugares diferentes e todos foram muito legais ( caminhadas perdidas, restaurantes legais, esquisitos e até alguns sujinhos. Casas de jazz, ida ao Brooklyn e ao parque, etc e tal). Já falei que amo NY, de qualquer jeito?
Foram dias incríveis, exaustivos e muito divertidos. Curtimos cada segundo. Temos muitas lembranças e muitas inside jokes para rir.
Desde o início todos sabiam o motivo de eu estar lá. Nenhum quis me acompanhar na indiada.
Pois o dia do show era exatamente meu último dia na cidade.
Toda vez que vou para lá, nos últimos dois dias eu fico meio chata, um pouco irritada e sensível e essa tpm fora de época deve-se a falta de vontade de voltar para casa.
Então imagina meu humor naquela segunda (sim, o Woody se apresenta em algumas segundas de alguns meses). A Gringa foi embora naquela manhã, o Vi decidiu sair sozinho e eu e a Ba ficamos vendo a Gringa partir com os corações apertados e cheias de lágrimas.
Saímos para almoçar e decidi levá-la em um restô que eu amo lá: o Café Lalo. Café onde gravaram o filme "You've got mail", que eu sou apaixonada até hoje. Toda vez que entro ali me sinto a Meg Ryan! E sempre que posso apresento o café para alguém.
Ali almoçamos, bebemos um belo vinho verde, rimos, quase choramos de novo e fomos embora.
Caminhamos por Upper west side naquela bela e ensolarada tarde. O tempo estava agradável. Mas eu sentia um aperto. Aperto por inúmeras razões. No dia seguinte todo o sonho acabaria. Eu iria voltar, sabe-se lá quando a gente iria se reunir de novo, ia deixar a cidade que mais amo e ainda o medo de não conseguir assistir ao show.
Decidi antecipar minha ida para o Carlyle. A Ba me acompanhou. Chegamos no hotel e pedi instruções de como chegar ao local. Nos mostraram o caminho e ali fomos. Entrei em um mundo à parte. O hotel, que até então, por fotos, parecia ser brega e antiquado, era belíssimo. Parecia que estava em um filme, antigo. Sempre me confundo nas décadas, mas para mim era algo entre anos 50 e 60. Um charme total. Chegamos e já havia fila. Uma pequeníssima fila.
Um olhar tenso pairava sobre as pessoas ali. Entre conversas e risadinhas nervosas descobrimos um casal de brasileiros um pouco a frente de nós. Exatamente na minha frente havia um cara que falava inglês, que em seguida descobri ser canadense. Alguém da fila falou alto que havia apenas 8 bancos no bar. Eu contei e percebi que era a décima primeira da fila. "Puxa vida, isso não é possível!", falei para Ba.
Meus lábios levemente tremiam, minhas lágrimas de frustração pediam para sair e eu me recusava a acreditar que tinha feito essa aventura em vão. Jamais foi em vão porque passei dias incríveis com pessoas maravilhosas, porém o objetivo da viagem teria falhado. Decidi apelar e falar com o canadense. Fiz a minha cara de mais triste possível e falei que tinha saído do Brasil só para aquilo. Ele deu um sorrisinho, me olhou de canto de olho e me disse bem baixinho: eu também. Argh! Mas o Canadá é bem mais perto que o Brasil, né???!
No meio disso tudo, um homem que estava muito a frente de nós na fila decidiu abandoná-la. Simplesmente disse que filas não eram para ele. Desejou boa sorte a todos e se foi. Oi???! Como assim? Ba me olhou de maneira motivadora e falava que eu ia conseguir. Uns 15 minutos depois vem uma lady com a chave do café.
Tambores ecoavam na minha cabeça. E agora??? Eu era a décima. Alguém falou em 8 lugares...
Então ela disse que tinham 10 lugares disponíveis. Eu entraria. Eu entraria. Eu entraria.
Eu entrei. Em êxtase. Ba acenou e foi embora. Fiquei ali na porta do café ainda tentando acreditar que tinha conseguido. Sentei e paralisei. Eu e meu sorriso bobo. O barman perguntava o que eu queria beber e eu só dizia: "só um pouquinho....eu entrei. Eu entrei".
Kurt, o canadense, me dava uns tapinhas no ombro e dizia: "congrats, you got it".
Depois disso eu lembro de flashes.
Me vi em um filme. Do Woody Allen, of course.
Estava sentada em um pequeno café, muito charmoso, bebendo um autêntico dry martini, mesclando o português e o Inglês para interagir com o canadense e o casal de brasileiros que sentaram ao meu lado.
Depois de dois dry martinis, muita conversa e uma leve entorpecência, sinto a leve batidinha de ombro do Kurt em mim. Não, não era romance. Era para me avisar que Ele estava ali.
Olhei para trás e ali estava Ele, Woody Allen, a uns dois metros de mim, sentadinho, mexendo em seu clarinete.
I Couldn't believe my eyes!! Era o próprio. Bem velhinho, naquele lusco fusco. Ali o tempo parou e só sentia o calor das lágrimas descendo. Kurt sorria, mais espantado em ver as minhas lágrimas do que com o próprio Woody ( ele já tinha o visto no ano anterior).
Depois desse flash eu lembro de vê-lo no palco. Tocando divinamente. De sentir a música. De sentir o torpor da felicidade. De me sentir plena. Naquele momento eu era plena. Poderia morrer ali. Eu vivia o meu filme, na minha cidade. Com a minha música. Com as minhas cores. Com tudo que havia direito. Foi lindo. Foi mágico. Terminei a noite caminhando (ou flutuando) pelas ruas do Upper East side, meio sem rumo, até pegar um táxi e voltar para o meu hotel, com um bilhete do Kurt na bolsa, com o telefone, email e uma data no papel. Último dia de abril de 2017. Sim, combinamos de nos encontrarmos novamente ali. O papel eu já perdi, a data já não faz mais sentido e nunca mais falei com Kurt, nem com os brasileiros que ali conheci.
A vontade de voltar, de ver o Woody e de retornar ao meu eu pleno continuam. E, com isso fecho esse longo e.moroso texto com as seguintes palavras (tiradas do final de cada capítulo de novela de antigamente): cenas dos próximos capítulos...
Vale cada centavo!
Para quem quiser informações sobre valores do show do Woody, passeios, restôs, casas de jazz me manda email que eu ajudo no que souber. Eu ia escrever tudo aqui, mas ficaria enorme....
Woody Allen and Eddy Davis New Orleans Jazz band no Café Carlyle
Para ver agenda e reservar ingressos
www.rosewoodhotels.com
Café Lalo
201 West 83rd street. NY.
Wew.cafelalo.com
quarta-feira, 15 de junho de 2016
O dia em que encontrei Woody Allen _ parte 1
Tá bem, deixa eu explicar melhor esse meu título dúbio. Eu fui ao encontro dele, mas ele nem me viu, tá? Fecha parêntesis e foca no que interessa.
Quando me perguntam sobre meu fascínio pelo tal diretor (alguns ficam chocados, lembrando dos escândalos que o homem já viveu em sua vida particular), sempre falo que vem da infância, do filme "Tudo que você sempre quis saber sobre sexo, mas tinha medo de perguntar".
Tá, sei que tudo tá ficando cada vez mais confuso para ti. Tu deves estar te perguntando onde estava a minha mãe, que deixava eu assistir um filme sobre sexo. A resposta é: não sei. Devia passar na Sessão da Tarde e eu mal sabia o que sexo era (achava que era algo "bagaceiro", mas era apenas isso), só sei que amava uma cena em que o Woody aparecia todo de branco, em um cenário branco e cheio de coelhos. Desde então acompanho os filmes dele e confesso, apesar de não gostar de muitos deles, que ele é meu diretor favorito.
A pessoa dele me fascina pela inteligência, inquietude e genialidade. Adorava sua visão neurótica e pessimista, tanto que inclusive busquei relacionamentos parecidos. Hoje, neurose e pessimismo só curto nos filmes dele mesmo. Mas, sobretudo, amo o seu olhar sobre NYC, minha cidade predileta.
Há alguns anos descobri que o Sr. Allen toca jazz (outra coisa que tenho uma queda forte) e desde então decidi que um dia o veria tocar com sua banda.
Ano passado tentei sondar como poderia fazer isso, mas como ele se apresenta em um café dentro de um hotel, a coisa é meio reservada. Parece até coisa clandestina. Em dezembro de 2015 cheguei em NY e tentei um ingresso. É claro que ouvi um sonoro sold out! Mas não desisti. Esse ano andava rondando umas passagens para tentar novamente ver o bom velhinho ( não o Noel e sim o Woody, que tá velhinho meeeeesmo), mas sempre acabava desistindo.
Então, um belo dia, entra uma mensagem para mim de uma amiga e cliente de consultoria de Imagem perguntando sobre um look para ir a um casamento no...Central Park!
A conversa, movida a calafrios na barriga de empolgação foi mais ou menos assim: Eu: Quando tu vais????
Ela: dia tal e volto tal.
Eu: acredita que pensei em ir para lá nessa época?
ela: Vamos Ner! (Esse é meu apelido de adolescência)
E assim foi indo e eu comecei a pirar com a idéia. Mas avisei que só iria se conseguisse ingresso para o show. No outro dia entrei em contato com o Carlyle, o hotel que o Woody Allen toca. Eles me informaram que há 2 tipos de ticket. O Premium (ou algo do tipo) e General seatings, mas que para o dia que eu queria estava esgotado. Parei de loquear, avisei a Gringa que não iria com ela e voltei a falar com o pessoal do hotel para a próxima data disponível.
Eles me passaram a data e eu pedi pelo melhor ticket, of course, era para ver Mr. Allen! Foi então que um balde de 5 litros caiu sobre mim. Eu só poderia comprar se fossem dois tickets. Daí pedi por um general seating e eles falaram que era o mesmo. Puxa, as borboletas na barriga viraram morcegões e fiquei muito chateada.
Achei um preconceito e tal e decidi pentelhar, ops, escrever novamente para o hotel e dar a real. Expliquei que sempre viajava sozinha e que estava muito triste, pois não poderia realizar um sonho de ver o show.
Na hora eles responderam me dando a chave do tesouro _ tcharãn!. Existe um outro ingresso, chamado bar seating, que pode ser adquirido avulso...porém, eles não reservam. É tipo loteria, chega na hora e vê se entra. Eles me falaram que se eu quisesse tentar teria que chegar uns 45 min antes do café abrir.
Terminei de ler e pensei: então posso ir na mesma época que a Gringa, já que é loteria mesmo...
Assim, comprei minha passagem e 12 dias depois estava embarcando para uma viagem cheia de aventuras. Mas o resto eu conto no próximo post!
segunda-feira, 2 de novembro de 2015
É o adeus do Armário?
domingo, 24 de maio de 2015
Fofano, saudades y otras cositas más.
sexta-feira, 6 de março de 2015
Dos tesouros da vida
segunda-feira, 10 de novembro de 2014
Lero lero sobre a Big Apple
P.S: as imagens são todas tiradas do Google Images.