segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Liberdade, liberdade

Ultimamente tenho refletido muito sobre várias questões da minha vida. Uma delas é a importância que damos para o que o outro pensa sobre nós. Confesso que já fui praticamente escrava de julgamentos, pré-julgamentos etc e tal.  Alguns deles me ajudaram (e ajudam até hoje) a eu me ver, rever e perceber o que é meu, o que é do outro, se há algo que eu quero e posso mudar.
Em tempos de politicamente correto o difícil mesmo é dar opinião sem se preocupar com o julgamento alheio. Tem que  ter muita personalidade para tal. Muitas vezes não falo para não comprar briga. Eu detesto brigas, detesto discussões e mal estar. Mas, daí eu fico aqui pensando: eu sinto raiva, frustração, vontade de falar e até dar uns xingões de vez em quando. Para onde vai todo esse sentimento se eu não ponho para fora?
Tudo bem que não somos mais crianças e precisamos ter um filtro. Não podemos falar exatamente tudo que pensamentos, mas, pelo menos uma vez na vida passar o dia inteiro falando só o que pensa seria muito bom, né? Se não houvesse amanhã ou ressentimentos, não seria o máximo sair por aí vomitando verbalmente tudo que a gente pensa? Eu adoraria...
Mas, voltando a realidade sei que não posso fazer esse tipo de coisa. Tá, mas e daí? E daí que preciso começar a liberar meu politicamente correto e também incorreto vez por outra,  ora pois! Comecei fazendo coisas que não me deixam culpada depois (sim, essa maldita sensação habita muito meus pensamentos), tomando atitudes que se aproximam mais de mim mesma. Que  façam com que eu me sinta na essência. E é muito boa a sensação do after. Porém (tava demorando para essa palavrinha chata aparecer) para tudo há um ônus e um bônus. Nessa situação de falar o que quer, me sinto mais próxima de mim, da minha verdade, mas talvez mais distante dos outros. E cá para nós, viver isolada é um saco, né? Não sou do tipo que quero ficar eternamente sozinha, vivendo em uma casa da floresta. Eu amo minha solidão, meu silêncio, minhas conversas comigo e meus gatos, mas eu adoro e preciso dos seres humanos (aqueles bons, sabe?).
A minha questão agora é tentar ficar mais próxima de mim sem ferir o outro. Fazer as coisas que eu gosto e acredito. Tentar, pelo menos, colocar em prática isso. Da simplicidade de ser tudo o que posso e quero ser. Foi assim que terminou meu domingo ontem. Eu estava muito insatisfeita em fazer parte de grupos de whats app em que não me identifico. O mais estranho é que me identifico com os integrantes do grupo, mas a prosa ali estava constantemente me incomodando. Alguns saí sem pestanejar; outros dei uma desculpa meio real, outras bem esfarrapadas. Mas continuava infeliz nessa parte do mundo virtual. Existiam dois grupos que eu mesma tinha criado e que não sentia vontade de ler e interagir. E foi difícil, muito difícil abandoná-los, pois as pessoas que pertencem a ele são importantes para mim. Mas saí sem avisar. E ainda fiz um vídeo (que postei no stories do insta) falando sobre a saída. Acho que falei que estava de saco cheio mesmo. E me senti livre como um passarinho. A sensação foi maravilhosa. Até pensei porque não havia feito isso antes. Porém hoje de manhã eu tirei o vídeo, pois após revê-lo senti que parecia que eu estava de saco cheio daquelas pessoas e essa não foi a idéia. Achei que foi um  pouco agressivo. Achei que a minha liberdade foi boa e espontânea, mas espontaneidade demais pode magoar pessoas.
O que quero dizer com esse textão todo é que cada vez mais vou fazer o que me faz feliz. O que me deixa leve. O que me faz voar. E que ainda preciso de muita coragem e persistência para continuar. Mas estou no caminho. E convido quem estiver lendo que reflita sobre essa questão.
Esse post é em homenagem aos grupos que abandonei e ainda irei abandonar (porque com certeza grupos chatos aparecerão no meu caminho).
Esse post também é  para dizer que eu amo minhas amigas, independente de fazer parte deste ou daquele grupo. Esse post é um coração aberto em forma de palavras que vai com todo meu carinho para as gurias do Inbox ( e eu queria muito colocar um coração aqui, mas eu não sei como se faz então considerem -se amadas e abraçadas).

quarta-feira, 22 de junho de 2016

O dia em que encontrei Woody Allen - parte 2

Posso te pedir um favor? Entra no clima e coloca um jazz antes de ler o texto. De preferência, Ella, Billie ou Nina. Ou vai de Frank Sinatra mesmo. Mas strongly recomendo " did I Remember". Deixa a luz mais fraca e te senta bem confortável.
Agora preciso contar algumas coisas antes de continuar a saga do encontro com o Woody. Antes  de encontrá-lo, encontrei outras pessoas por lá.  A viagem de 2 pessoas (Gringa e eu) virou de 4. Nesse furdunço  todo pré-viagem decidi convidar o Vi para ir a NY(Vinícius e eu nos conhecemos quando moramos em NY em prédios vizinhos, foi daí que surgiu a amizade de 15 anos). Na mesma hora ele me disse que tinha falado para a Ba (Barbara, nossa amiga brazuca que mora em LA) que queria apresentar a Big Apple a ela. Daí eu fui ao delírio. Porém, o Vi declinou. Mas...uma semana depois ele decidiu ir e chamar a Ba. E daí o quarteto fantástico estava formado para a viagem. Eu e Gringa saímos de POA, o Vi de Santos e a Ba de L.A. Cada um chegou em um momento diferente.
Primeiro o Vi, na noite anterior, depois eu, na manhã seguinte, a Ba, de noite e a Gringa no dia seguinte.
E assim começou uma das viagens mais felizes que já fiz. Fomos a muitos lugares diferentes e todos foram muito legais ( caminhadas perdidas, restaurantes legais, esquisitos e até alguns sujinhos. Casas de jazz, ida ao Brooklyn e ao parque, etc e tal). Já falei que amo NY, de qualquer jeito?
Foram dias incríveis, exaustivos e muito divertidos. Curtimos cada segundo. Temos muitas lembranças e muitas inside jokes para rir.
Desde o início todos sabiam o motivo de eu estar lá. Nenhum quis me acompanhar na indiada.
Pois o dia do show era exatamente meu último dia na cidade.
Toda vez que vou para lá, nos últimos dois dias eu fico meio chata, um pouco irritada e sensível e essa tpm fora de época  deve-se a falta de vontade de voltar para casa.
Então imagina meu humor naquela segunda (sim, o Woody se apresenta em algumas segundas de alguns meses). A Gringa foi embora naquela manhã, o Vi decidiu sair sozinho e eu e a Ba ficamos vendo a Gringa partir com os corações apertados e cheias de lágrimas.
Saímos para almoçar e decidi levá-la em um restô que eu amo lá: o Café Lalo. Café onde gravaram o filme "You've got mail",  que eu sou apaixonada até hoje. Toda vez que entro ali me sinto a Meg Ryan! E sempre que posso apresento o café para alguém.
Ali almoçamos, bebemos um belo vinho verde, rimos, quase choramos de novo e fomos embora.
Caminhamos por Upper west side naquela bela e ensolarada tarde. O tempo estava agradável. Mas eu sentia um aperto. Aperto por inúmeras razões. No dia seguinte todo o sonho acabaria. Eu iria voltar, sabe-se lá quando a gente iria se reunir de novo, ia deixar a cidade que mais amo e ainda o medo de não conseguir assistir ao show.
Decidi antecipar minha ida para o Carlyle. A Ba me acompanhou. Chegamos no hotel e pedi instruções de como chegar ao local. Nos mostraram o caminho e ali fomos. Entrei em um mundo à parte. O hotel, que até então, por fotos, parecia ser brega e antiquado, era belíssimo.  Parecia que estava em um filme, antigo. Sempre me confundo nas décadas, mas para mim era algo entre anos 50 e 60. Um charme total. Chegamos e já havia fila. Uma pequeníssima fila.
Um olhar tenso pairava sobre as pessoas ali. Entre conversas e  risadinhas nervosas descobrimos um casal de brasileiros um pouco a frente de nós. Exatamente na minha frente havia um cara que falava inglês, que em seguida descobri ser canadense. Alguém da fila falou alto que havia apenas 8 bancos no bar. Eu contei e percebi que era a décima primeira da fila. "Puxa vida, isso não é possível!", falei para Ba.
Meus lábios levemente tremiam, minhas lágrimas de frustração pediam para sair e eu me recusava a acreditar que tinha feito essa aventura em vão. Jamais foi em vão porque passei dias incríveis com pessoas maravilhosas, porém o objetivo da viagem teria falhado. Decidi apelar e falar com o canadense. Fiz a minha cara de mais triste possível e falei que tinha saído do Brasil só para aquilo. Ele deu um sorrisinho, me olhou de canto de olho e me disse bem baixinho: eu também. Argh! Mas o Canadá é bem mais perto que o Brasil, né???!
No meio disso tudo, um homem que estava muito a frente de nós na fila decidiu abandoná-la. Simplesmente disse que filas não eram para ele. Desejou boa sorte a todos e se foi. Oi???! Como assim? Ba me olhou de maneira motivadora e falava que eu ia conseguir. Uns 15 minutos depois vem uma lady com a chave do café.
Tambores ecoavam na minha cabeça. E agora??? Eu era a décima. Alguém falou em 8 lugares...
Então ela disse que tinham 10 lugares disponíveis. Eu entraria. Eu entraria. Eu entraria.
Eu entrei. Em êxtase. Ba acenou e foi embora. Fiquei ali na porta do café ainda tentando acreditar que tinha conseguido. Sentei e paralisei. Eu e meu sorriso bobo. O barman perguntava o que eu queria beber e eu só dizia: "só um pouquinho....eu entrei. Eu entrei".
Kurt, o canadense, me dava uns tapinhas no ombro e dizia: "congrats, you got it".
Depois disso eu lembro de flashes.
Me vi em um filme. Do Woody Allen, of course.
Estava sentada em um pequeno café, muito charmoso, bebendo um autêntico dry martini, mesclando o português e o Inglês para interagir com o canadense e o casal de brasileiros que sentaram ao meu lado.
Depois de dois dry martinis, muita conversa e uma leve entorpecência, sinto a leve batidinha de ombro do Kurt em mim. Não, não era romance. Era para me avisar que Ele estava ali.
Olhei para trás e ali estava Ele, Woody Allen, a uns dois metros de mim, sentadinho, mexendo em seu clarinete.
I Couldn't believe my eyes!! Era o próprio. Bem velhinho, naquele lusco fusco. Ali o tempo parou e só sentia o calor das lágrimas descendo. Kurt sorria, mais espantado em ver as minhas lágrimas do que com o próprio Woody ( ele já tinha o visto no ano anterior).
Depois desse flash eu lembro de vê-lo no palco. Tocando divinamente. De sentir a música. De sentir o torpor da felicidade. De me sentir plena. Naquele momento eu era plena. Poderia morrer ali. Eu vivia o meu filme, na minha cidade. Com a minha música. Com as minhas cores. Com tudo que havia direito. Foi lindo. Foi mágico. Terminei a noite caminhando (ou flutuando) pelas ruas do Upper East side, meio sem rumo, até pegar um táxi e voltar para o meu hotel, com um bilhete do Kurt na bolsa, com o telefone, email e uma data no papel. Último dia de abril de 2017. Sim, combinamos de nos encontrarmos novamente ali.  O papel eu já perdi, a data já não faz mais sentido e nunca mais falei com Kurt, nem com os brasileiros que ali conheci.
A vontade de voltar, de ver o Woody e de retornar ao meu eu pleno continuam. E, com isso fecho esse longo e.moroso texto com as seguintes palavras (tiradas do final de cada capítulo de novela de antigamente): cenas dos próximos capítulos...
Vale cada centavo!

Para quem quiser informações sobre valores do show do Woody, passeios, restôs, casas de jazz me manda email que eu ajudo no que souber. Eu ia escrever tudo aqui, mas ficaria enorme....

Woody Allen and Eddy Davis New Orleans Jazz band no Café Carlyle

Para ver agenda e reservar ingressos

www.rosewoodhotels.com

 Café Lalo

201 West 83rd street. NY. 

Wew.cafelalo.com


quarta-feira, 15 de junho de 2016

O dia em que encontrei Woody Allen _ parte 1

Tá bem, deixa eu explicar melhor esse meu título dúbio. Eu fui ao encontro dele, mas ele nem me viu, tá? Fecha parêntesis e foca no que interessa.
Quando me perguntam sobre meu fascínio pelo tal diretor (alguns ficam chocados, lembrando dos escândalos que o homem já viveu em sua vida particular), sempre falo que vem da infância, do filme "Tudo que você sempre quis saber sobre sexo, mas tinha medo de perguntar".
Tá, sei que tudo tá ficando cada vez mais confuso para ti. Tu deves estar te perguntando onde estava a minha mãe, que deixava eu assistir um filme sobre sexo. A resposta é: não sei. Devia passar na Sessão da Tarde e  eu mal sabia o que sexo era (achava que era algo "bagaceiro", mas era apenas isso), só sei que amava uma cena em que o Woody aparecia todo de branco, em um cenário branco e cheio de coelhos. Desde então acompanho os filmes dele e confesso, apesar de não gostar de muitos deles, que ele é meu diretor favorito.
A pessoa dele me fascina pela inteligência, inquietude e genialidade. Adorava sua visão neurótica e pessimista, tanto que inclusive busquei relacionamentos parecidos. Hoje, neurose e pessimismo só curto nos filmes dele mesmo. Mas, sobretudo, amo o seu olhar sobre NYC, minha cidade predileta.
Há alguns anos descobri que o Sr. Allen toca jazz (outra coisa que tenho uma queda forte) e desde então decidi que um dia o veria tocar com sua banda.
Ano passado tentei sondar como poderia fazer isso, mas como ele se apresenta em um café dentro de um hotel, a coisa é meio reservada. Parece até coisa clandestina.  Em dezembro de 2015 cheguei em NY e tentei um ingresso. É claro que ouvi um sonoro sold out! Mas não desisti. Esse ano andava rondando umas passagens para tentar novamente ver o bom velhinho ( não o Noel e sim o Woody, que tá velhinho meeeeesmo), mas sempre acabava desistindo.
Então, um belo dia, entra uma mensagem para mim de uma amiga e cliente de consultoria de Imagem perguntando sobre um look para ir a um casamento no...Central Park!
A conversa, movida a calafrios na barriga de empolgação foi mais ou menos assim: Eu: Quando tu vais????
Ela: dia tal e volto tal.
Eu: acredita que pensei em ir para lá nessa época?
ela: Vamos Ner! (Esse é meu apelido de adolescência)
E assim foi indo e eu comecei a pirar com a idéia. Mas avisei que só iria se conseguisse ingresso para o show. No outro dia entrei em contato com o Carlyle, o hotel que o Woody Allen toca. Eles me informaram que há 2 tipos de ticket. O Premium (ou algo do tipo) e General seatings, mas que para o dia que eu queria estava esgotado. Parei de loquear, avisei a Gringa que não iria com ela e voltei a falar com o pessoal do hotel para a próxima data disponível.
Eles me passaram a data e eu pedi pelo melhor ticket, of course, era para ver Mr. Allen! Foi então que um balde de 5 litros caiu sobre mim. Eu só poderia comprar se fossem dois tickets. Daí pedi por um general seating e eles falaram que era o mesmo. Puxa, as borboletas na barriga viraram morcegões e fiquei muito chateada.
Achei um preconceito e tal e decidi pentelhar, ops, escrever novamente para o hotel e dar a real. Expliquei que sempre viajava sozinha e que estava muito triste, pois não poderia realizar um sonho de ver o show.
Na hora eles responderam me dando a chave do tesouro _ tcharãn!. Existe um outro ingresso, chamado bar seating, que pode ser adquirido avulso...porém, eles não reservam. É tipo loteria, chega na hora e vê se entra. Eles me falaram que se eu quisesse tentar teria que chegar uns 45 min antes do café abrir.
Terminei de ler e pensei: então posso ir na mesma época que a Gringa, já que é loteria mesmo...
Assim, comprei minha passagem e 12 dias depois estava embarcando para uma viagem cheia de aventuras. Mas o resto eu conto no próximo post!

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

É o adeus do Armário?

Vou falar sobre fechar o atelier, tá?  Ou, fechar o espaço na Casa Roxa. Sempre prefiro dizer que é um farewell, see you soon ou até breve. Mas não é. Então o que é, Fernanda?  Eu realmente ainda não sei. O atelier sou eu e eu sou uma metamorfose ambulante (como diria Raulzito  _quanta intimidade com o homem...).
Essa história de modas, estilos e afins apareceu há muito tempo na minha vida. Nem vou contar a história aqui porque é longa e todo mundo dormiria na metade da leitura. O fato é que eu gostava muito de moda e hoje amo estilo. E me permito mudar, fazer outras coisas e graças aos Papais do céu (Deus e meu pai) posso fazer o que gosto. E o atelier foi assim, um sonho realizado. De ter o meu cantinho, com a minha cara.  De viajar e pesquisar in loco as modas nas ruas das cidades. De garimpar belezuras. De criar. Criar peças lindas (às vezes monstruosas e muitas vezes medianas) e de criar laços com pessoas incríveis. Foi para isso que o Armário 26 existiu até então. E que continuará existindo (já criei algumas peças para uma coleção cápsula). O Armário 26 já foi Armário da Ana (que foi a origem do nome Armário, em função da marca ser da Ana Carrard (minha sócia por um tempo, colega de facul, parceira de vida, partner in crime e amiga para sempre) e antes disso já tive a Audrey, a minha primeira marca. Adoro a história que foi feita com tecidos e recortes. Mas agora quero testar outras coisas. E é por isso que quero fechar o espaço do mesmo jeito que abri: com muito amor. E cercada de pessoas queridas. Por isso te convidei para ler esse texto. E, se tu leste até o final, tu sabes que, de alguma maneira, tu fazes parte dessa história. Então, te convido para ver as peças que ainda vivem no espaço e brindar comigo o fim de um ciclo feliz ali, na Casa Roxa.

domingo, 24 de maio de 2015

Fofano, saudades y otras cositas más.

Vocês ja sentiram saudade de algo que nunca viveram? Vez por outra tenho esse sentimento. É uma nostalgia, uma fantasia, algo inexplicável. Como tudo (ou quase tudo) tem explicação nessa vida, fico confabulando e pensando o porque disso tudo. Pensei que pode ser uma remota lembrança do que já vivi em outras vidas (sim, eu acredito em vidas passadas, presente e futuras). Mas, independente dessa minha teoria de ser  uma vivência anterior, não impede que eu a sinta. E  que fazer? Como lidar com sentimentos inexplicáveis? 
É também nessas horas que percebo como o ser humano é cheio de sensações "estranhas"e que não sabemos muito bem como agir quando elas surgem, simplesmente vivemos. É tipo o amor, algo meio que inexplicável. Simplesmente brota algo, cresce (às vezes fica enorme) e sufoca o peito, parece que vamos explodir. É uma sensação boa, independente do tipo de amor que é. Também tem a saudade, que é algo que nos leva a outros lugares e momentos, em um simples toque, barulho,cheiro, imagem. E dor de amor, hein? É um vazio horrível, né? Tudo que nos enchemos quando estamos apaixonados, esvaímos quando sofremos justamente por amor!
Devaneando sobre isso, lembrei de um personagem que eu e uma grande amiga criamos quando éramos crianças (nem tão crianças assim...). O nome dele era Fofano. Ele era um bichinho, parecia um ursinho, que era bem magrinho e quando ganhava amor, ficava enorme. Ficava tão grande que tínhamos que bater nele para ele não explodir. E assim permanece a minha teoria que sofrer diminui e amar aumenta. Claro que o Fofano era caricato, mas percebo que desde sempre penso da mesma maneira. O Fofano fez parte de nossas vidas por muitos anos. Pensamos, inclusive em escrever um livro sobre ele. E hoje, depois de escrever sobre tudo isso, me bateu uma saudade. Talvez pelo tempo chuvoso (que sempre me faz pensar mais), talvez por ser um domingo solitário, talvez pela chegada do friozinho, me dei conta que a saudade que estava sentindo era justamente a que comecei escrevendo. A que nunca vivi. Senti saudades dos nossos esboços, textinhos e risadas sobre um livro que ficou apenas na nossa imaginação.  Senti mais saudades de sentir o cheirinho do livro,  das leituras e explicações sobre o tema (essa é a parte que me refiro, a nunca vivida). Ah, como é bom ter imaginação e memória... Mas é ainda melhor quando a concretizamos. Então, meu desejo da semana é colocar mais coisas em práticas e esvaziar mais  os pensamentos.... para sentir mais saudades do que vivi e menos das imagináveis.


P.S: para não dizer que o Fofano nunca existiu,  ele virou um boneco, feito por outra amiga. Pedi para ela fazê-lo quando a minha amiga (e cúmplice de criação dele) casou, para dar de presente para ela.  A foto, inclusive, é  dele no casamento! O Fofano "real" era de plush e feltro, magrinho e poderia ficar gordo se colocássemos balas na sua pancinha. Fofano viajou para muitos lugares com ela e o marido. Virou praticamente o duende da Amelie Poulin. Hoje ele vive aposentado, em um quarto  em uma cidade na Suiça e deu espaço para um dos grandes amores da minha vida, meu afilhado Thomas, filho do casal.

sexta-feira, 6 de março de 2015

Dos tesouros da vida

Hoje o dia está pura nostalgia aqui em casa. Tudo começou quando encontrei um pendrive e as relíquias que nele me deparei. Abri despretenciosamente, já com  a intenção de limpá-lo para usar em outra coisa. A minha surpresa foi achar fotos de muitos anos atrás. Começou com um arquivo escrito "roupas". Sim, desde sempre eu coleciono referências; só que o mais engraçado é que nem lembrava disso. 

Comecei com essa "mania"há mais de dez anos, acredito que logo que voltei de Nova Iorque e estava em um momento "Sex and the City", obcecada por Carrie, suas amigas e, claro, o figurino das personagens.  





Confesso que hoje em dia não tenho mais esse hábito  (de guardar fotos de roupas que gosto) tão forte como antigamente. Mas abri uma por uma e minha grande surpresa foi que eu usaria a maioria até hoje. E isso mostra que meu estilo continua sendo praticamente o mesmo. Muitas delas, em estilo clássico, meio "Breakfast at Tiffany's".  Se reparar bem, dá para ver que elas são atemporais. Muitas poderiam estar nas vitrines de muitas lojas hoje.  O mais engraçado é que a maioria delas era de vestidos de coquetel ou de festas, vestimentas que eu não teria muito onde usar. As que eu não gostei, olhei calmamente para elas e tentei descobrir o que me atraía naquele look.  Lembro de guardar essas imagens em pastas em um computador que nem sei onde anda (provavelmente em algum cemitério de tecnologias obsoletas). Guardava na esperança de um dia poder encontrar uma costureira e fazer a maioria delas. 
Esse "achado" foi maravilhoso para mim, pois muitas vezes me questiono sobre a moda e os rumos que minha vida tomou com ela. E foi nesse momento que percebi que, de alguma forma, ela já existia em mim e eu gostava muito disso. Naquela época, nos meus vinte e poucos anos, não imaginaria que um dia trabalharia com estilo e moda. Eu simplesmente imaginava aquelas peças no meu armário. Me via passeando em um belo salto e tomando cosmopolitans com minhas amigas em algum lugar de Porto Alegre.  Cosmopolitans esses que os bartenders mal conheciam; e aqueles saltos que hoje nem consigo pensar em usá-los. Era tudo muito diferente. Era tudo muito mais imaginário. Mas, mesmo assim, era tudo muito feliz. 
P.S: as imagens que postei hoje aqui são algumas das que tinham no pendrive e eu não faço a menor idéia de onde eu tirei. Foi da internet, mas não tenho mais as fontes. Sorry :)


 

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Lero lero sobre a Big Apple

Minha última viagem foi apara Nova York, cidade que me fascina e que conheço um pouco, por já ter vivido lá. Dessa vez a viagem teve um motivo muito especial: levar minha mãe para conhecer a minha cidade de coração. Foi emocionante redescobrir a NY junto com ela e ficar com olhos atentos, ao mais estilo criança, para tudo que estava ao nosso redor. 
Nova York, apesar de em algumas regiões estarem mais sujinhas, popular e (porque não?!) mais pobre, ainda atrai olhares perplexose algumas vezes nos deixa boaquiabertos com tamanha grandeza. O arranha céus dá trégua quando entramos no Central Park, oásis dentro da cidade. A parte rica continua rica e a parte pobre está mais decadente. Mas essa decadência é algo que me encanta, pois ainda assim, se encontra muita beleza, contrastes, e alegria nas coisas, basta querer.. Sempre digo que NY é o lixo e o luxo, tudo reunido em uma ilha (Manhattan) e os  boroughs, como são chamados Queens, Brooklyn, Staten Island e Bronx. Na verdade, Manhattan é um dos boroughs que formam a cidade.

Diante de tantas coisas para ver e fazer, é claro que dei uma olhadinha nas lojas e vitrines da cidade. Como lá é outono, tudo está bem invernal e as modas estão bem parecidas com as que vi em Londres. O que mais me chamou atenção por lá foram as peles (todas fakes, diga-se de passagem). Peles de tudo que era cor! Exuberantes, clássicas, exageradas, chiques, elegantes, simples, glamourosas, mas todas peles. Vale lembrar que o gamulã tá valendo também. Vi bastante pele nos tons de candy colors, bem como blusões, saias, casacões,vestidos e acessórios. Logo, as cores clarinhas  devem continuar em alta no inverno que chegará para nós  no ano que vem. 
Ainda no ritmo de etnias, algumas marcas seguem apostando, dando um ar boho chic às suas coleções. Os acessórios também entram nessa onda. Seguem brincos grandes e colares, com forte influência étnica.

Os tons terrosos, bem como o branco, preto e cinza figuram as fachadas de muitas boutiques. O laranja foi o destaque para mim. Muitos casacos laranja eram exibidos em lojas, das mais simples às mais caras. Achei um charme. Lembro que quando morei lá eu tinha meu casaco laranja. Ele tinha jeito de "velhinho" e eu o adorava. Quando voltei ao Brasil, apesar de tê-lo usados algumas, vezes exitei em vestir a peça, já que aqui as pessoas olham mesmo, de uma forma, muitas vezes, desconcertante. Bem, isso faz 13 anos e eu era bem mais insegura. Mas, enfim, dei meu casaco laranja. Acho um luxo casacos com cores incomuns, só fica a dica de que quando for comprar, pense bem se vai usar, pois alguns precisam de muita personalidade para saber levá-los! E muitas vezes é melhor (se tiver que optar) ter um casaco de cor neutra e brincar com tons mais chamativos em golas e mantas. 

Enfim, para quem gosta de ousar, se depender da tendência NY, o inverno 2015 será um prato cheio.  E para quem curte mesmo o tradicional, é bom lembrar que ele é sempre muito bem vindo, é como aquele hóspede que adoramos receber: elegante, discreto, sem passar despercebido. 
E agora, voltando ao Brasil, é hora de aproveitar tudo que a Primavera e  Verão nos oferecem. Vamos curtir com graça e leveza, que isso é típico nosso!
P.S: as imagens são todas tiradas do Google Images.